
Debate sobre divulgação da ciência viraliza no Twitter
Um ofício enviado pelo Conselho Superior da CAPES para o Ministério da Educação na última quinta-feira, 2 de agosto, alarmou a população brasileira, principalmente a comunidade científica do país. Nele estavam previstos os valores que seriam reduzidos para o próximo ano do orçamento da Instituição, cerca de 580 milhões de reais, o equivalente a 200 mil bolsas da CAPES.
O corte do orçamento está ligado à aprovação da Proposta de Lei Orçamentária (PLOA), votada em julho pelo Congresso e enviada em agosto para o Governo Federal, em que está previsto a redução de 11% dos gastos do Ministério da Educação e o congelamento do valor repassado para o Ministério. O Governo Federal terá até o dia 14 do mês para sancionar o documento ou até o dia 31 para enviar uma outra versão para votação no Congresso. A Lei afeta diretamente o apoio à produção científica em 2019, em sua maioria bolsas de mestrado e doutorado.
Ameaçados pelo corte do orçamento em suas bolsas de auxílio financeiro, pesquisadores criaram uma campanha na Web em prol da ciência usando a hashtag #existepesquisanobr. O objetivo do movimento é mostrar para as pessoas que existe produção científica no país, estudos de extrema importância para o desenvolvimento nacional e que depende dos recursos da CAPES para sua sobrevivência. A ideia é trazer a informação para fora do mundo acadêmico, de forma que a sociedade tenha conhecimento da produção científica atual, apoiando as pesquisas e ficando ao lado dos pesquisadores na luta por recursos.
Confira alguns pesquisadores que usaram a hashtag #existepesquisanobr para mostrar à sociedade que estão trabalhando em temas de extrema relevância para a sociedade:
Na minha pesquisa eu transformo lixo inútil e poluente descartado pelas grandes indústrias em produtos químicos de alto valor agregado. Os produtos podem ser vendidos e exportados dando muito lucro e vantagem comercial pro brasil perante o mundo todo #existepesquisanobr
— rσทdα вαทg (@renerror) 3 de agosto de 2018
#existepesquisanobr a minha pesquisa é sobre a representação da imagem da mulher nordestina no cinema realizado por diretores homens da região. Como esta representação reflete uma identidade reforçada e antiquada de Nordeste e como isso reverbera na sociedade desigual que vivemos
— Maysa Reis (@reismaysaa) 3 de agosto de 2018
No meu doutorado investiguei os processos cognitivos envolvidos na leitura de HQ's em comparação com outros gêneros narrativos. Entender os processos de leitura faz toda a diferença na alfabetização/letramento. #existepesquisanobr
— Leandro Kruszielski (@meandros) 3 de agosto de 2018
Eu tento otimizar o tratamento de tuberculose para diminuir os efeitos colaterais e diminuir o número de medicamentos, para aumentar a adesão ao tratamento desta doença que é a décima maior causa de morte no mundo e mata 1 milhão e meio de pessoas por ano #existepesquisanobr
— Renan (@Araujo_Renan) 2 de agosto de 2018
#existepesquisanobr a minha pesquisa analisa os indicadores de violência contra crianças e adolescentes a partir das notificações do setor saúde, identicando o perfil das vítimas e dos agressores e traçando estratégias de enfrentamento a partir da elaboração de políticas públicas
— Ma íra (@maairaferraz) 3 de agosto de 2018
O uso das redes sociais para a divulgação científica também fizeram sucesso no ano passado com a hashtag #MyOneScienceTweet, ou #MinhaCiênciaEmUmTweet em português.
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